A Evolução da Governança Clínica para o Ciclo de Gestão de Performance: Integrações com a Gestão de Riscos em Saúde.

Introdução

As organizações de saúde vivem em um ambiente cada vez mais complexo, caracterizado por avanços tecnológicos, regulamentações rigorosas e expectativas crescentes dos pacientes e da sociedade. Nesse contexto, a simples adesão à Governança Clínica tradicional tornou-se insuficiente para garantir qualidade, segurança e sustentabilidade. Surge então a necessidade da transição para o Ciclo de Gestão de Performance, um modelo que associa a melhoria contínua de processos, a medição sistemática de resultados e a integração com práticas maduras de gestão de riscos.

Este artigo explora essa evolução à luz do livro Da Governança Clínica ao Ciclo de Gestão de Performance, trazendo também uma análise aprofundada dos capítulos 3 e 4 da obra Risk Management for Healthcare Organizations – Volume I, que descrevem a estruturação e o desenvolvimento de programas de gestão de riscos em instituições de saúde. Por fim, será apresentado um case de sucesso para ilustrar a aplicação prática dessas estratégias.

A Evolução: Da Governança Clínica ao Ciclo de Gestão de Performance

A Governança Clínica, conceito que ganhou força no Reino Unido na década de 1990, visa garantir que a prestação de serviços de saúde ocorra com alto padrão de qualidade e segurança, responsabilizando os profissionais e as organizações pela excelência clínica. No entanto, as demandas contemporâneas exigem uma abordagem mais robusta e multifacetada.

  • O Ciclo de Gestão de Performance propõe a incorporação de elementos essenciais:
  • Definição de metas estratégicas e assistenciais;
  • Implementação de sistemas de monitoramento e indicadores-chave de performance (KPIs);
  • Acompanhamento regular dos resultados por meio de painéis de gestão;
  • Tomada de decisão baseada em dados;
  • Implementação de melhorias contínuas baseadas em evidências;

Estreitamento da relação entre qualidade clínica, eficiência operacional e sustentabilidade financeira.

Essa evolução reflete a compreensão de que a performance organizacional é inseparável da gestão de riscos clínicos e operacionais, exigindo ações integradas e uma cultura organizacional voltada para a excelência.

Capítulo 3: Estruturando o Programa de Gestão de Riscos

O Capítulo 3 do Risk Management for Healthcare Organizations – Volume I enfatiza a importância da estruturação de programas formais de gestão de riscos, abordando aspectos fundamentais para sua eficácia:

Missão e Objetivos Claros

O programa de gestão de riscos deve ter uma missão claramente definida, alinhada à missão e aos valores institucionais. Essa missão frequentemente inclui:

  • Proteger os pacientes, profissionais e ativos organizacionais;
  • Promover uma cultura de segurança e melhoria contínua;
  • Minimizar perdas financeiras e danos à reputação.

Estrutura Organizacional

O capítulo sugere a criação de uma estrutura formal de governança para o programa, tipicamente composta por:

Comitê de Gestão de Riscos;

Equipe de profissionais de risco clínico e corporativo;

Representantes de áreas críticas como enfermagem, jurídico, compliance e tecnologia da informação.

Essa equipe é responsável pela identificação, avaliação, mitigação e monitoramento de riscos em toda a organização.

Política de Gestão de Riscos

É recomendado que as instituições formalizem suas políticas de gestão de riscos, descrevendo:

  • Processos de identificação e reporte de riscos;
  • Métodos de avaliação de severidade e probabilidade;
  • Estratégias de mitigação;
  • Comunicação e monitoramento de riscos.

O capítulo ainda destaca a necessidade de integrar o programa de riscos ao planejamento estratégico da organização para garantir suporte executivo e recursos adequados.

Capítulo 4: Desenvolvimento e Implementação de Programas de Gestão de Riscos

No Capítulo 4, o foco recai sobre a implementação prática do programa de gestão de riscos, trazendo orientações sobre metodologias e ferramentas essenciais:

Educação e Treinamento

Uma das primeiras etapas é o treinamento contínuo de todos os colaboradores para reconhecer riscos e reportá-los de maneira sistemática e não punitiva. O aprendizado organizacional depende da identificação precoce de riscos e da análise de incidentes e quase-erros.

Comunicação Eficaz

A comunicação aberta e multidirecional é vista como um pilar fundamental. Devem ser criados canais seguros para que profissionais possam reportar problemas sem medo de retaliação, favorecendo a construção de uma cultura justa (Just Culture).

  • Métodos de Identificação de Riscos
  • O capítulo apresenta diversas técnicas para identificação de riscos, incluindo:
  • Revisões retrospectivas de eventos adversos;
  • Análise de tendências de notificações de incidentes;
  • Auditorias internas;
  • Revisões de processos (Process Mapping);
  • Análise de modos de falha e efeitos (FMEA).

Análise de Riscos

A análise sistemática dos riscos permite priorizar esforços, utilizando matrizes de risco que combinam a probabilidade de ocorrência e o impacto potencial. Essa análise fundamenta as decisões sobre onde investir recursos para mitigação.

Monitoramento e Melhoria Contínua

O desenvolvimento do programa é contínuo. Monitorar o desempenho através de indicadores de gestão de riscos é essencial para ajustes rápidos e sustentação das melhorias alcançadas.

Case de Sucesso: Hospital Israelita Albert Einstein

O Hospital Israelita Albert Einstein é referência em gestão de performance e riscos no Brasil. A instituição implementou um modelo avançado baseado nas melhores práticas internacionais, com destaque para:

  • Integração do ciclo de gestão de performance com a estratégia institucional;
  • Uso de sistemas de notificação eletrônica para eventos adversos, com análises automáticas de criticidade;
  • Criação de um comitê de segurança do paciente interdisciplinar, que revisa mensalmente os principais riscos e define planos de ação;
  • Adoção de metodologias como Análise de Raiz Causa e FMEA para eventos críticos;
  • Monitoramento em tempo real de indicadores de qualidade e segurança;
  • Programas de capacitação e simulação realística para a equipe clínica.

Essa abordagem levou o hospital a obter diversas acreditações de excelência, como a Joint Commission International (JCI), e a reduzir significativamente a taxa de eventos adversos, além de fortalecer sua reputação como instituição de ponta.

Conclusão

A evolução da Governança Clínica para o Ciclo de Gestão de Performance, associada à gestão estratégica de riscos, é fundamental para garantir qualidade, segurança e sustentabilidade às organizações de saúde. Os ensinamentos dos capítulos 3 e 4 do Risk Management for Healthcare Organizations reforçam a necessidade de estruturar programas formais, integrados à cultura organizacional e ao planejamento estratégico.

O case do Hospital Albert Einstein demonstra que, com liderança forte, capacitação contínua e metodologias adequadas, é possível transformar a gestão de riscos em um diferencial competitivo e em um catalisador para a excelência assistencial.

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Referências

ALMEIDA, Patrícia. Da Governança Clínica ao Ciclo de Gestão de Performance. São Paulo: Editora Saúde & Gestão, 2022.

CARROLL, Robert L. Risk Management for Healthcare Organizations – Volume I. 6. ed. Chicago: American Society for Healthcare Risk Management, 2020.

JOINT COMMISSION INTERNATIONAL. Hospital Accreditation Standards. Oakbrook Terrace, IL: Joint Commission Resources, 2021.

HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN. Relatório de Qualidade e Segurança 2023. São Paulo: HIAE, 2023.

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